Singapura foi por muitos
anos uma colônia britânica, sofrendo pelo fardo colonial imposto por nações
dominadas por grandes metrópoles. Constituído basicamente de uma economia de
serviços, o país após sua independência (1965) passou longos anos de crise, o
que estimulou a adoção, liderada pelo primeiro ministro Lee, de um regime de rápida
industrialização. Para que tal ocorresse o governo criou um ambiente de
investimentos seguros, sem corrupção e de baixos impostos, objetivando atrair o
investimento de empresas estrangeiras. Para isso, o governo também investiu na
capacitação da população, contando, para isso, com a colaboração de escolas
técnicas e instituições internacionais
de ensino.
Apesar do seu pequeno tamanho, a pequena nação
assumiu certa relevância internacional ao especializar-se no comércio exterior.
Essa grande internacionalização da economia local refletiu numa grande demanda
por profissionais capacitados em análises internacionais. Vem deste fato o
principal incentivo aos estudos das Relações Internacionais em Singapura.Em 1996, foi estabelecido pelo primeiro-ministro Keng o “Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos” (Institute of Defence and Strategic Studies, IDSS). Dez anos depois o instituto seria rebatizado como “Rajaratnam School of International Studies - RSIS”, vinculado à Nanyang Technological University, em homenagem ao visionário diplomata e estrategista politico, um instituto focado no estudo e pesquisa dos temas estratégicos internacionais, principalmente aqueles voltados para a área do Pacífico.
Na RSIS são encontrados dois programas de mestrado que podem ser relacionados à área de Relações Internacionais, um chamado “International Relations” e outro “International Political Economy”.
Em “International Relations” o foco dado ao
curso é de entendimento às teorias e compreensão das constantes mudanças
globais. Analisa-se mais a área militar e energética integradas às teorias de
RI e questões politicas estatais e não estatais e suas determinadas integrações
e repartições.
Os estudos são integrados em dois núcleos
principais, sendo eles: Os Estudos de RI e Análise de Politica Externa. Ainda
são oferecidos cursos (disciplinas) sobre estudos regionais asiáticos, leis e
segurança tradicional e não tradicional, economia, dentre outros.Na academia da RSIS tem-se como principal professor, autor e comentarista em várias mídias o professor de Estratégia e Guerra Bernard Loo. Tendo publicado livros sobre estudos estratégicos, dentre os quais destaca-se “Medium Powers and Accidental Wars: a study in conventional strategic stability”.
Relacionado também aos estudos de RI na
Singapura temos o segundo programa de mestrado da RSIS: “Intertional Political
Economy”. Volta-se, como o nome mostra, às conjunturas político-econômicas do
mundo globalizado. Analisando teorias e praticas de ambas as disciplinas, o
programa de “International Political Economy” espera elucidar questões sobre as
transações e relações entre países, regiões e agentes econômicos, apresentar conhecimento
sobre áreas de influencia e entender a história do desenvolvimento
político-econômico sob perspectiva global para que sejam estudas com maior
entendimento a dinâmica atual.
Ainda há um programa de PhD em Relações Internacionais
da RSIS. Direcionado à pesquisa, tem-se desde Estudos Estratégicos, passando
por Relações Internacionais propriamente ditas e Administração da Politica e
Economia Internacional. O programa oferece um novo grau de especialidade em
certos assuntos, focados principalmente nas questões regionais do sudeste
asiático e do pacifico.
Também encontra-se em Singapura a Lee Kuan
Yew School of Public Policy (LKY School), ligada à National University of
Singapore (NUS), criada em 2004. Não totalmente voltada para os estudos de RI,
a LKY School é uma faculdade de Politica Publica, porém possui o Center on
Asian and Globalization (CAG) que se digna a estudar as relações asiáticas
dentro do sistema internacional. Dentre os principais tópicos de estudos do CAG
estão, as relações de poder na Ásia-Pacifico, os acordos regionais, as questões
relativas aos bens públicos (alimentos, energia, meio-ambiente, água e saúde) e
novas abordagens para a construção dos mercados na Ásia.
Centrado dentro do tópico sobre as relações
de poder na Ásia, pesquisas no âmbito de garantir a paz e desenvolvimento das
nações tem sido um dos objetivos da CAG. Citando os Estados Unidos como
principalmente garantia da paz na região e assumindo as instabilidades geradas
por “ameaças externas” e a economia chinesa. A CAG mantém relações com a Chatam
House para a realização de mesas redondas sobre os interesses e ameaças na
Ásia-Pacifico.
Em relação aos bens públicos a CAG mantém
pesquisas para assegurar comida, água, energia e saúde para todos os asiáticos.
Convergindo vários países, dentre eles Japão, Malásia, China e Índia,
conferências são realizadas para maior alocação de recursos não só entre os
próprios, mas também contando com ajuda global.
O projeto de abertura dos mercados asiáticos
à economia globalizada e suas novas abordagens de construção tem sido mais
intensamente estudadas, focando na inter-relação entre dinâmicas internas e
conjuntura internacional, especialmente em relação à “insurgente” economia
chinesa.
Portanto, embora os Estudos de RI não tenham
sido iniciados tão cedo como nos Estados Unidos e no Reino Unido, percebe-se
que a abertura de mercado iniciada por Lee impulsionou a demanda por analistas internacionais,
dando inicio aos estudos. A tendência é que haja cada vez mais profissionais e
escolas especializadas no ensino de RI em Singapura, dado pelo grande enfoque
que todo Leste Asiático tem recebido nos últimos anos e a expansão do mercado
chinês.