Os estudos das Relações internacionais no Chile encontram suas origens no final dos anos 50, com as análises da política externa chilena e da conjuntura internacional. O debate inspirado pela Teoria da Dependência contribuiu também para a popularização dos estudos internacionais no Chile, país sede da Cepal.
As origens da disciplina no Chile estão ligadas aos tradicionais departamentos de Ciência Política, onde se começou a oferecer disciplinas de Relações Internacionais para os cursos de graduação. Outras disciplinas afins também eram oferecidas, como Política Externa Chilena ou Organizações Internacionais.
O pioneirismo
específico em relações Internacionais se deve à Pontificia Universidad Católica
de Chile, a primeira a oferecer um curso específico de Relações Internacionais,
coerente com a sua tradição internacionalista já presente no projeto do
departamento de Ciências Políticas. Mais tarde, outras universidade chilenas
também lançaram cursos de Relações Internacionais, como a Universidad de Arcis,
Universidad Central e Universidad Diego Portales.
Em nível de pós-graduação
existem duas opções, uma vinculada a estudos americanos e outra relacionada a
estudos latino-americanos que se aproximam do campo das Relações Internacionais,
nas quais ambas possuem um forte componente histórico e sociológico em sua
formação. Já em nível de mestrado, destacam-se a Universidad Católica e a
Universidad de Chile. A elas, se juntam hoje as Universidades Arturo Prat,
Universidad Marítima, Universidad Tecnológica Metropolitana e a Universidad
Andrés Bello.
O Instituto de Estudios
Internacionales (IEI), da Universidad de Chile foi fundado em 19 de outubro de
1966. Seu primeiro diretor foi um notável historiador, acadêmico e pesquisador,
Claudio Veliz, substituído pelo professor José Morandé. Como primeira
instituição fundada em um país latino-americano para estudar especificamente as
Relações Internacionais, o IEI pode ser considerado como referência obrigatória
para a construção da disciplina no Chile, e também como importante referência
internacional, oferecendo publicações importantes e também um curso de mestrado
em Estudos Internacionais, com 30 anos de existência.
No que se refere às
instituições de preparação de diplomatas, a iniciativa pioneira se materializou
em março de 1954, com a criação da Academia de Estudios Diplomáticos, dedicada
à formação especializada dos funcionários diplomáticos chilenos, vinculados ao Ministério
dos Negócios Estrangeiros.
O desenvolvimento da
Academia, todavia, não teve o dinamismo desejado, o que levou as autoridades do
Ministério a enfatizar a necessidade de uma maior especialização e de uma maior
aproximação às tradicionais instituições universitárias do país, como a Universidad
de Chile. Em outubro de 1963 a academia é rebatizada com o nome de “Andrés Bello”,
em homenagem ao ilustre venezuelano-chileno, que entre 1834 e 1852 atuou como
chanceler chileno.
Sob a liderança de Mario
Barros Van Buren ao longo dos anos 1970, sob o governo militar, a Academia
assume papel destacado na condução da política externa chilena, passando a ser
reconhecida como um dos centros de excelência do país.Contudo, a importante produção da Academia se concentrava bastante sua atenção nos temas geopolíticos, típicos das abordagens Realistas predominantes nos anos 70. Nesse momento, a Cepal liderava um importante debate crítico, fora e dentro do Chile, sobre as dinâmicas de inserção das economias latino-americanas na economia mundial. O embate entre as ideias disseminadas pela Academia e pela Cepal animaram por muito tempo o debate internacional no Chile.
De maneira geral, pode-se considerar o estudo das Relações Internacionais como bem implementado, mesmo que de certa maneira recente. Os intensos debates gerados entre uma das mais importantes Academias diplomáticas, a “Andrés Bello” e o grupo de pesquisadores da Teoria da Dependência da Cepal, sediada em Santiago, contribuíram para o amadurecimento e a popularização do debate internacional no Chile. Com o fortalecimento do IEI - Instituto de Estudos Internacionais, um novo momento foi alcançado.
Referências :
ZAMORA, C.M. : “Estudiar Relaciones Internacionales en Amética
Latina”. ESGLOBAL, 2012. Disponível em: <http://www.esglobal.org/estudiar-relaciones-internacionales-en-america-latina.>
Acesso em 29 mar 2014.
BUSTOS, C.: “La academia diplomática: cooperación descentralizada”. Disponível em: http://web.archive.org/web/20100528075634/http://www.cooperaciondescentralizada.gov.cl/escuela/1513/article-68742.html.
Acesso em 29 mar 2014.
LAGOS,G.: “Tendencias y perspectivas del estudio de las Relaciones
Internacionales: tareas para America Latina”. Disponível em: http://www.patatabrava.com/apuntes/lagos_tendencias_y_perspectivas_del_estudio_de_las_relaciones_internacionales_tareas_para_amelat-f121419.htm.
Acesso em 29 mar 2014.SÁNCHEZ, W.: “Relaciones internacionales: de la clonación a la creación la mirada desde el Instituto de Estudios Internacionales de la Universidad de Chile”. Disponível em: http://www.anales.uchile.cl/index.php/REI/article/viewFile/14355/14769. Acesso em 29 mar 2014.
VÉLIZ,C.: “El Instituto de Estudios Internacionales de la Universidad de Chile”. Disponível em: http://www.jstor.org/discover/10.2307/23317209?uid=2129&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21103908108753. Acesso em 29 mar 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário