(Eduardo Pacheco)
De
uns anos pra cá, um polêmico fenômeno tem marcado o futebol mundial,
especialmente europeu. Personalidades e instituições bilionárias têm feito investimentos
gigantescos nos mais diversos clubes, principalmente naqueles que são populares
e que se encontram em dificuldades financeiras. Magnatas russos, como Roman
Abramovich, atual dono do Chelsea, da Inglaterra, e um dos pioneiros no
assunto, mas também grupos ucranianos, malaios, árabes e até paquistaneses têm sido
protagonistas dessa tendência.
Entre
tantos investidores, o maior volume de dinheiro investido no futebol europeu é
proveniente das economias petroleiras do Oriente Médio. Khaldoon Al Mubarak e
Nasser Al-Khelaïfi são os dois principais exemplos de investidores árabes. O
primeiro, nascido nos Emirados Árabes e cuja fortuna é estimada em 25 bilhões
de euros, o que o faz o segundo homem mais rico da Europa, atrás apenas do
ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, comprou em 2008 o Manchester
City, da Inglaterra. Já o segundo, nascido no Qatar, tornou-se presidente do
Paris Saint-Germain, da França, em 2011, após a Autoridade de Investimento do
Qatar (QIA), um fundo soberano do país árabe ter comprado 70% da equipe
parisiense, com o objetivo de diversificar os ativos do governo do país em
setores não energéticos. A operação permitiu que craques de calibre mundial, como
Cavani, Ibrahimovic, David Luiz, Thiago Silva e Lucas, fossem comprados pelo
PSG, que gastou cerca de R$ 1,5 bilhão, em apenas quatro anos.
PSG e
Manchester City ocupam as posições de 5º e 6º clubes mais ricos do mundo com ativos
estimados em 474 e 414 milhões de euros, respectivamente. À frente das duas
equipes encontram-se somente os gigantescos Real Madrid, Manchester United,
Bayern de Munique e Barcelona.
Desde
suas aquisições por bilionários árabes, as duas equipes, que já eram, de certa
forma, conhecidas, apesar de poucos títulos, tornaram-se potências nacionais, sendo
os maiores campeões nacionais de seus respectivos países nos últimos três anos.
No cenário europeu, tanto Manchester City quanto PSG ainda buscam afirmação.
O
incrível potencial financeiro das equipes já rendeu problemas extracampo para
seus investidores. Em 2014, ambas as equipes foram enquadradas na regra de fair play financeiro, princípio
estabelecido pela FIFA no intuito de limitar o gasto dos times, fixando como
teto valores iguais ou inferior à arrecadação, uma espécie de lei de
responsabilidade fiscal do futebol. Por conta dos excessivos gastos, City e PSG
tiveram que pagar uma multa com valor equivalente a R$ 182 milhões e tiveram um
limite de inscrição de jogadores para a Champions League 2014-15 inferior ao
costumeiro.
Além
das duas equipes, outras cinco equipes contam com investimento proveniente do
Oriente Médio em seu orçamento. As tradicionais equipes inglesas do Arsenal
(que teve 29% dos seus direitos comprados em 2007), Leeds United e Nottingham
Forest, o 1860 München, da Alemanha, e o Málaga, da Espanha, clube que também
foi punido por falta de fair play
financeiro, fecham a lista.
O
impressionante montante de recursos canalizados para os clubes, principalmente no caso do PSG,
no qual uma instituição pública é a principal investidora, abre margem para
longos debates. Seria o investimento desproporcional uma solução para clubes
endividados e uma forma de montar equipes com muitos craques juntos ou seria
ele um malefício ao esporte, afastando-o cada vez mais de sua maior característica,
a paixão ?
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