terça-feira, 30 de julho de 2013

A nova imigração para o Brasil

(Fernando Padovani)

Com a estabilidade da inflação aliada ao crescimento econômico, a renda cresceu no Brasil, como também o nível de emprego e o poder de compra, fatores que sustentam a elevação do nível de preços na economia. O Brasil está mais caro, mas os salários estão subindo também. Aliado com a real sobre-valorizado (em pelo menos 30%), tantos os preços como os salários estão altos em níveis internacionais.  Isso tem atraído imigrantes, tanto os que buscam remuneração elevada da venda como aqueles que buscam salários.

Além disso, há nichos específicos onde a demanda por especialistas é elevada, bem remunerada e não atendida por brasileiros, como na área de engenharias e petróleo. Também há a questão psicológica da “brasilmania”, com Copa e Olímpicos, que coloca o país no centro das atenções, o que contribui para aumentar a projeção e a simpatia que já era elevada antes. A associação do Brasil ao grupo BRICS, também contribui para a associação de imagem do país às grandes economias emergentes da atualidade, reforçando a percepção de perspectivas otimistas.

Todos esses fatores tem atraído uma nouvelle vague de imigrantes para o país, repetindo a tendência vigente até os anos 1920 (quando o país era um importador de mão-de-obra), e revertendo a tendência dos anos 1980, quando o Brasil passou a ser um exportador de mão-de-obra durante os anos da “década perdida”.

Pelo lado externo, essa tendência é reforçada pela crise econômica pela qual atravessa a Europa desde 2008, e a percepção de pessimismo ali instalada, elevando o interesse de investidores, executivos, técnicos, trabalhadores, estudantes e interessados de todos os estratos sociais. Uma nova onda de trabalhadores portugueses volta a entrar no país depois de 2008, a maior nacionalidade a procurar o país, seguido pelos espanhóis, bolivianos, paraguaios e chineses. Na Argentina e Chile também tem atraído grande número de imigrantes, seja paraguaios e bolivianos, mas também espanhóis, que ali já são 400 mil.

O país também atrai imigrantes de países que tradicionalmente não tem contato com o país, como dos países vizinhos, magrebinos, asiáticos, como chineses e coreanos.  Entre as novas colônias de imigrantes, o destaque é para bolivianos, angolanos e haitianos. A situação ainda está longe de estar fora de controle, pois a escala ainda é muito pequena. Por exemplo, a França anunciou uma política de expulsar 35 mil imigrantes em 2012, enquanto o número total estimado de haitianos vivendo no Brasil é de cerca de 4 mil pessoas. Mesmo assim, o governo brasileiro não parece estar preparado para controlar e monitorar essa situação, especialmente da imigração que não entra por aeroportos. O número de imigrantes legais cresceu 50% em poucos anos, passando de cerca de 1 milhão em 2009 para 1,5 milhão ao final de 2011, com cerca de 500 mil ilegais estimados, o que representa uma participação demográfica de cerca de 1% de estrangeiros no país.

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