terça-feira, 19 de novembro de 2013

O caso da Abecásia

(Jade Cavalcanti)

A Abecásia é uma região no Cáucaso. Uma república autônoma da Geórgia e que luta por sua independência. O status de estado independente é reconhecido pela Rússia, Nicarágua, Venezuela, Nauru, Tavulu e alguns estados na mesma situação que ela, parcialmente independentes. Por muitos anos a Abecásia fez parte da União Soviética, mas a partir dos anos 80 com a desintegração desta, tensões começaram a se formar entre a população de ambos os lugares, devido ao movimento da Geórgia para se tornar independente (que incluía a Abecásia como parte do país); e que gerou um sentimento de medo entre a população da Abecásia, pois esta achava que por conta disso, haveria uma eliminação na autonomia da mesma, portanto sem conquistar a independência.

Hoje em dia a Rússia tem um papel fundamental no local, além dela ter sido um dos primeiros países a reconhecer o lugar como um estado independente, a Rússia também é a responsável por manter controle dentro da região, investindo e dando oportunidades tais como: passaportes russos, pagamentos de pensões para os cidadãos já aposentados, etc. Ela tem como função defender e impor mais ainda seu controle sobre a região a fim de despistar os georgianos e possivelmente pôr um fim aos constantes conflitos.

Durante o conflito entre os abcásios e georgianos, as autoridades russas forneceram um apoio logístico e militar para o lado separatista e até hoje ainda mantém uma política rígida, forte e influente sobre a regra separatista na Abecásia.

Recentemente, o presidente russo Dmítri Medvedev e o primeiro-ministro Vladímir Putin afirmaram que iriam canalizar bilhões de dólares para dar apoio para a independência do local a fim de fortalecer não só a economia, como a infraestrutura e o poderio militar também.

Sua economia é fortemente integrada com a Rússia, usando a mesma moeda inclusive. Isto faz com que seja difícil para o “país” criar novos relacionamentos diplomáticos. O turismo é uma indústria chave, já que possui um enorme potencial para tal e atraem muitos turistas na época do verão. Além de uma agricultura forte devido as suas terras férteis e a produção industrial que se concentra na carne e no ramo das madeireiras.

Investir no território é um tanto quanto arriscado, pois a economia se encontra numa situação extremamente difícil, lembrando que esta é uma região que poucos ainda reconhecem como independente no cenário mundial, e não possuem acordos bilaterais na proteção dos investimentos dentro de uma área politicamente quente, já que a Abecásia teve de enfrentar o caos econômico deixado pela desintegração da União Soviética e a Guerra contra Geórgia, cujos problemas se refletem e continuam até hoje, no desenvolvimento, não só dos sistemas políticos, como dos econômicos também.

Apesar disso, em Abril de 2011 o governo abcásio anunciou ter feito um acordo junto de empresas Israelenses para melhorar o setor industrial de minério. Uma delas, a Global CST prometeu dar equipamentos de segurança, medicamentos e também prometeu investir no setor agrícola, no turismo e a mineração.

Mesmo precisando muito de investimentos internacionais, pois, enquanto os países não os reconhecerem como estado independente, a Rússia continuará a ser a única de grande influência dentro do “país”, proporcionando apenas investimentos necessários para a região, e este continuará sem apoio algum do sistema internacional, dando ênfase ainda mais na atuação do poder russo dentro do pequeno território. Prevê-se que se os conflitos armados e a corrupção profunda continuarem dentro do lugar, qualquer tipo de intervenção econômica ou investimento será de fato nada confiável e talvez até perigoso. Já que o controle está nas mãos de organizações criminais de segmentos grandes na economia da região e não haveria nenhum tipo de proteção para tal.

Serra Leoa e o comércio de diamantes



(Lucas Cilento)

A ligação entre os diamantes de sangue e o conflito armado em Serra Leoa é óbvia, e foi demonstrada, investigada e lamentada por humanitários, jornalistas, políticos e líderes da indústria de diamantes em todo o mundo, foi até explorada no cinema por um famoso filme de Holywood, que trouxe os holofotes para um problema real e, anteriormente, oculto às elites do mundo.

Porém, o que não se mostra óbvio, é a complexa relação entre os sistemas de financiamento de exploração, a intermediação de negociações e a administração dos recursos vindos desta importante fonte de renda do país.

Contudo os diamantes facilitado o conflito armado do país ao invés de ser o principal motivo. Além do mais, a desigualdade socioeconômica presente no pré-guerra deve ser entendida como um problema de desenvolvimento.

Em 1999, as exportações oficiais de diamantes em Serra Leoa eram aproximadamente $1.2 milhões, comparada a uma estimativa da indústria conservadora de $70 milhões como o real valor comercializado. Os outros $68.8 milhões foram perdidos nas atividades ilícitas e criminais, ou seja, o contrabando. O Contrabando local e internacional habilitou a Frente Unida Revolucionária (RUF), ou seja, os rebeldes e os seus aliados e cúmplices para comercializarem livremente e lucrativamente os diamantes dentro dos mercados internacionais. Os "diamantes de sangue" acharam um meio de chegar ao alcance de joalherias, seguidamente sendo comprados por clientes nos Estados Unidos, protegidos de qualquer culpa pelo canal permissivo do mercado internacional, assim como modelos utilizados por grandes multinacionais, que explorar a mão de obra muitas vezes escrava em países da Ásia. Se contrabandear não fosse uma característica proeminente do comércio de diamante, seria relativamente fácil de identificar o conflito de diamantes.

Os peritos da ONU e representantes de indústria de diamante calcularam que os diamantes de sangue podem significar cerca de menos de 4% do comércio mundial, porém os diamantes contrabandeados podem responder por 20-30%. Contrabandear é um crime contra o Estado: um crime financeiro de sonegação tributária, contrabandear diamantes de sangue deveria ser considerado um crime contra humanidade. Pois, os problemas ambos para a indústria e para os governos são consideráveis. O número de criminosos que estão ao alcance da polícia, é desprezível comparativamente com o real número de traficantes de diamantes na ativa, e digo que estão fora de alcance seja por desconhecimento de suas identidades, ou até mesmo devido ao poder que esses grandes traficantes possuem, além de existir a dificuldade de identificar os traficantes em meio aos negociadores legítimos. A indústria de diamantes foi categórica ao declarar que banirá permanentemente qualquer um que negociar a nível mundial, e a qualquer sócio de indústria de diamantes que for pego comercializando diamantes de sangue. Mas o comércio continua, e nenhum caso foi descoberto.

Em Dezembro de 1999, teve início a ajuda externa ao Governo de Serra Leoa desenvolver novas políticas que regulem de forma efetiva o comercio e exploração de diamante. Em 2000 foi executado um seminário de planejamento estratégico em Freetown, estavam presentes: interessados no setor de diamante, os representantes de sociedade civil e a Frente Revolucionaria Unida, os líderes e peritos da indústria internacional de diamantes, porém nenhuma medida que foi acordada nesse encontro gerou efetivamente algo que diminuísse de maneira expressiva o comercio e exploração ilegal dos diamantes.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a uma resolução para o problema em 2000, proibindo a importação de todos os diamantes de Serra Leoa a partir de 5 de julho de 2000, até que fosse criado um sistema de certificação efetivo e 100% operacional. Porém, como já é de conhecimento, os diamantes continuaram a ser comercializados sem intervenção das Nações Unidas.

O Governo dos EUA ensaia uma tentativa de ajuda ao governo de Serra Leoa, com novas políticas de exportação para controlar os conflitos dos diamantes de sangue, dentro de uma base de diretrizes. No dia 31 de julho e 1 de agosto de 2000, aconteceram as audições informais da ONU em Nova Iorque, na qual o governo do país apresentou os elementos básicos de uma nova mineração e um novo regime de exportação, com a esperança de estar qualificado uma isenção a Resolução da ONU anteriormente citada. Havia reconhecimento difundido que o novo regime necessitava de continua ajuda internacional, e assim fica concedido uma breve isenção do bloqueio aplicado pela ONU em 2000. Outra tentativa de interferência foi feita através da OMC, que se baseava no seguinte argumento: 
The extraordinary humanitarian nature of this issue and the     devastating impact of conflicts fuelled by trade in conflict diamonds on the peace, safety and security of people in affected countries and the systematic and gross human rights violations that have been perpetrated in such conflicts”.

Como a tentativa era basicamente a mesma, foi mais uma vez elaborado um plano onde ficaria regulamentado todo e qualquer tipo de comercio de diamantes com países em região de conflito. Porém, o que difere é que essa tentativa foi feita por países em desenvolvimento (Brasil, Israel, Coréia, Filipinas).

Nessa mesma época fica bastante difundida a ideia de relação direta entre os conflitos armados e os diamantes. Desta forma é organizado um Conselho Mundial do Diamante, onde fica em aberto a discussão de como desvirtuar o conflito do comercio ilegal de diamantes. Assim em 2000 o conselho se reúne e elabora um documento, que por fim resultaram no relatório de progresso em Política de Diamante e Programa de Desenvolvimento de Serra Leoa, o qual teve suma importância na questão do ativismo de direitos humanos internacional trazendo a exposição dos abusos civis em Serra Leoa para a atenção de líderes políticos internacionais, criando assim as condições diplomáticas e a manutenção da paz para reforçar o que já vinha sido realizado pela comunidade internacional em questões humanitárias. Uma importante contribuição para a paz feita pelos ativistas de direitos humanos é o trabalho deles em expor a ligação entre o conflito armado e os diamantes na África.

Acredita-se que com o fim do comercio e a exploração ilegal dos diamantes seja o fator definidor para o fim da guerra civil. Contrabandear sistemas de produção e comercialização exploradoras, e serviços de financiamento pouco desenvolvidos causaram a exploração indevida de áreas produtoras de diamantes que têm facilitado o uso de diamantes para a guerra. A proposta de mudança política que focaliza estes problemas de longo prazo, também promove uma solução para os conflitos de diamantes. Quando as FRU já não controlarem o Campo de Tongo e Kono, não existirá mais nenhum conflito de diamantes em Serra Leoa. Assim fica evidente novamente a importância do comercio de diamantes para a guerra. Mas se ainda há contrabando excessivo, Serra Leoa não terá compreendido as causas fundamentais da guerra, e a paz não vai trazer a possibilidade do desenvolvimento.

O governo estabeleceu um modo limpo para exportar diamantes, e adotou uma série de políticas, apontando para reduzir os incentivos para, e com finalidade de aumentar os custos do contrabando. As capacidades de execução da lei contra contrabando em 2000 eram muito fracas para fazer realmente conter o contrabando. Depois da guerra, como as estruturas de segurança do país melhoram, pode ser que a execução de lei fique possível. As sanções impostas pela ONU, e anúncios de indústria contra os diamantes de sangue, como esses do Conselho de Diamante Mundial, ajudaram a aumentar os custos de vender os diamantes de conflito potencialmente, porém ainda é apenas uma pequena fatia dos lucros se comparado ao volume de capital que gira nesse mercado.

Os governos desempenham um papel fundamental no incentivo a prestação de contas e transparência dentro do comercio mundial, para que assim as commodities de guerra (petróleo, diamantes) não continuem a ser contrabandeadas e negociados de maneira ilegal, e desta forma terminando com os conflitos regionais ligados, diretamente ou indiretamente, a esses bens . Isto inclui o reforço e alargamento dos mecanismos de regulação mundial e regional. A sociedade civil nos países desenvolvidos e em desenvolvimento também tem um papel importante na promoção da agenda, através principalmente das organizações não-governamentais que tentam ajudar humanitariamente regiões de conflito, e através da ONG, continua a empurrar para o acompanhamento e para assegurar a eficácia do processo de ampliação da Paz dentro dessas regiões. Além disso, esses chamados commodities de guerra também acabam sustentando o governo de muito desses Países. Os governos, instituições financeiras internacionais e agências de crédito à exportação, e os privados do mercado financeiro deverão apoiar e aprovar as reivindicações feitas pela Publish What You Pay campanha para estabelecer a transparência financeira das indústrias extrativas. 

Além disso, uma maior coordenação entre as instituições financeiras, governos e agências internacionais de aplicação da lei é necessária para abordar as relações entre o branqueamento de capitais, corrupção, a criminalidade internacional, e possivelmente financiar terroristas e a guerra civil. Lembrando que essas medidas não só afetam as economias dos países em conflito, mas também tendem a fomentar o comercio internacional.

Para controlar aos fluxos de recursos que circulam livremente, tem de ser constante o compartilhamento de informações com as ONGs, como a Global Witness, que coletam informações cruciais sobre a exploração ilegal dos recursos, a corrupção governamental, e sensibilização do público sobre as questões. Se politicamente viável, uma intervenção de terceiros mediadores nos processos de paz deve procurar a incluir disposições para a partilha de recursos em paz, os acordos que estabelecem pontos de referência claros para a gestão responsável e equitativa dos recursos. Assim não repetindo o que já ocorreu anteriormente, em casos como Afeganistão em 2003 e a Líbia mais recentemente.

Esforços externos podem também indiretamente fornecer apoio às ONGs locais, como no caso do processo de paz do Congo. Divulgado relatório da ONU através do painel de peritos sobre a exploração ilegal dos recursos naturais, por exemplo, a sociedade civil e da Igreja congolesa, foram capazes de colocar a questão da imigração ilegal e a exploração ilegal dos recursos minerais, foram colocados efetivamente dentro da agenda nas negociações de paz.

Percebemos assim que dentro de Serra Leoa, e no seu contexto aonde os recursos naturais são explorados ilegalmente e financiam a guerra civil, possui fraca base e tende assim a ser muito instável. No geral acaba tendo um governo fraco, aonde depende da ajuda externa, seja através de injeção financeira direta, ou até mesmo das sanções internacionais, para tentar frear o crime interno.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Novos terroristas: nem tão novos, nem tão terroristas

(Fernando Padovani)

Os atos de violência registrados recentemente em Boston e Londres têm ajudado a popularizar o termo “novos terroristas” para tipificar uma tendência de atentados praticados por militantes islâmicos contra potências ocidentais em seu próprio solo. Entre as características desta tendência estariam, além da motivação pelo ressentimento religioso, a escala individual e artesanal das ações, a conexão virtual com redes terroristas internacionais e a residência local dos militantes, entre outras.

Uma análise mais detalhada destes trágicos eventos pode, entretanto, sugerir algumas dúvidas sobre a validade desta caracterização, havendo espaço para o questionamento tanto da novidade como até mesmo da dimensão terrorista das ações. O ato de violência ocorrido em Londres esta semana seria um claro exemplo disso, pois, por mais desumana e trágica, e mesmo possuindo uma difusa motivação política e religiosa, a morte do militar britânico dificilmente poderia ser classificada como terrorismo, seja por não envolver a população civil indistintamente, seja por apresentar, até agora, remotas conexões com redes jihadistas. No atentado com panela-bomba perpetrado em Boston pelos irmãos Tamerlan e Johar Tsarnaev, que foi terrorista e antiamericano, ainda parecem incertas as ligações existentes com redes internacionais como Al-Qaeda e grupos militantes pela autonomia do Daguestão e da Chechênia. Ou seja, quando tratamos com atos de violência praticados por cidadãos muçulmanos é preciso atentar que algum deles podem não ser terroristas e outros podem não ser conectados à militância islâmica.

Quanto à modalidade de ação, esta poderia perfeitamente ser contextualizada dentro das já bem conhecidas tendências contemporâneas de fragmentação das militâncias, que se expressa por redes virtuais e institucionais que aproximam os que estão distantes e distanciam os que estão por perto. Além de fragmentada, esta militância pode ganhar traços de desespero quando motivada pelo sentimento de impotência, diante da diminuição das liberdades civis e do controle policialesco no plano doméstico, conjugada com situações de pesada intervenção realizadas através de grande poderio militar e tentativas de derrubada de governos, como atualmente se verifica na bacia do Mediterrâneo. O terrorismo muitas vezes é a guerra daqueles que não tem mais recursos.

Quanto às motivações, estes atos poderiam ser entendidos também no contexto de outros fatores, como um recorte menor dentro da onda generalizada de descontentamento e desesperança verificados nos Estados Unidos e, principalmente, na Europa, motivados pela longa recessão, inspirando atos de revolta e contestação generalizados, com ou sem ideologias e etnias, como as recentes ondas de saques em cidades europeias, ou mobilizações do tipo “End the Fed”, “Occupy Wall Street”, “Tea Party”.

Por fim, a tentativa de releitura póstuma destes atos, “terroristificando” e segmentando etnicamente elementos de uma volatilidade social genérica, no sentido de caracterizá-los como uma nova estratégia terrorista articulada, sempre conectada a uma rede internacional abstrata (que justamente ocupa o espaço vazio deixado pelo inesperado desaparecimento da ameaça da guerra fria), contribuiria para a restituição de inimigos externos visíveis, sempre úteis para a coesão interna em tempos difíceis.

A nova imigração para o Brasil

(Fernando Padovani)

Com a estabilidade da inflação aliada ao crescimento econômico, a renda cresceu no Brasil, como também o nível de emprego e o poder de compra, fatores que sustentam a elevação do nível de preços na economia. O Brasil está mais caro, mas os salários estão subindo também. Aliado com a real sobre-valorizado (em pelo menos 30%), tantos os preços como os salários estão altos em níveis internacionais.  Isso tem atraído imigrantes, tanto os que buscam remuneração elevada da venda como aqueles que buscam salários.

Além disso, há nichos específicos onde a demanda por especialistas é elevada, bem remunerada e não atendida por brasileiros, como na área de engenharias e petróleo. Também há a questão psicológica da “brasilmania”, com Copa e Olímpicos, que coloca o país no centro das atenções, o que contribui para aumentar a projeção e a simpatia que já era elevada antes. A associação do Brasil ao grupo BRICS, também contribui para a associação de imagem do país às grandes economias emergentes da atualidade, reforçando a percepção de perspectivas otimistas.

Todos esses fatores tem atraído uma nouvelle vague de imigrantes para o país, repetindo a tendência vigente até os anos 1920 (quando o país era um importador de mão-de-obra), e revertendo a tendência dos anos 1980, quando o Brasil passou a ser um exportador de mão-de-obra durante os anos da “década perdida”.

Pelo lado externo, essa tendência é reforçada pela crise econômica pela qual atravessa a Europa desde 2008, e a percepção de pessimismo ali instalada, elevando o interesse de investidores, executivos, técnicos, trabalhadores, estudantes e interessados de todos os estratos sociais. Uma nova onda de trabalhadores portugueses volta a entrar no país depois de 2008, a maior nacionalidade a procurar o país, seguido pelos espanhóis, bolivianos, paraguaios e chineses. Na Argentina e Chile também tem atraído grande número de imigrantes, seja paraguaios e bolivianos, mas também espanhóis, que ali já são 400 mil.

O país também atrai imigrantes de países que tradicionalmente não tem contato com o país, como dos países vizinhos, magrebinos, asiáticos, como chineses e coreanos.  Entre as novas colônias de imigrantes, o destaque é para bolivianos, angolanos e haitianos. A situação ainda está longe de estar fora de controle, pois a escala ainda é muito pequena. Por exemplo, a França anunciou uma política de expulsar 35 mil imigrantes em 2012, enquanto o número total estimado de haitianos vivendo no Brasil é de cerca de 4 mil pessoas. Mesmo assim, o governo brasileiro não parece estar preparado para controlar e monitorar essa situação, especialmente da imigração que não entra por aeroportos. O número de imigrantes legais cresceu 50% em poucos anos, passando de cerca de 1 milhão em 2009 para 1,5 milhão ao final de 2011, com cerca de 500 mil ilegais estimados, o que representa uma participação demográfica de cerca de 1% de estrangeiros no país.

O Brasil, o Papa e o Mundo

(Fernando Padovani)

      As agendas papais sempre ocuparam grande espaço mediático na sociedade do espetáculo. A agenda de um novo Papa, e de um Papa argentino, e ainda mais em sua primeira viagem internacional, deverá sem dúvida ocupar muitas páginas e telas pelo planeta durante a próxima semana. O que trará novamente o Brasil para o centro do palco do velho teatro das nações.

A exposição ocasionada pelos grandes eventos provoca, efetivamente, impactos no plano das percepções médias vigentes na sociedade internacional. Influi na composição do “marketing de lugares”, descoberto pela Modernidade globalizada. Contribui com informações quase subliminares que servirão de referência futura para a tomada de decisões, sejam em investimentos, financiamentos e consumo. Mesmo considerando que as percepções internacionais tendam a se alterar de maneira gradual e cumulativa, a presença de Francisco, por si só, deverá ser capaz de intensificar a curiosidade dos olhares internacionais.

Nesses momentos de exposição, e na condição de grande economia emergente, o Brasil deve ser observado com maior atenção em domínios tais como a sua capacidade de organização, de mobilizar sua ação coletiva, da operacionalizar suas infraestruturas, como transporte e comunicação, a capacidade de gerir riscos e segurança, mas também sobre a capacidade da democracia brasileira lidar com seus descontentes.

Um ponto importante envolvendo as questões de segurança é que elas existem. Tanto no plano externo como no interno. No plano externo, vários atenuantes de risco existem, relacionados à origem do novo Papa, geográfica e eclesiástica, gerando um certo descolamento da imagem do cardeal Ratzinger. Atenuantes também seriam certas características do país anfitrião, um pouco distanciado do circuito das grandes ameaças da segurança internacional. Mas como demonstra a observação dos problemas de segurança ocorridos na última década (como atentados), o inesperado e o imprevisto costumam criar janelas de oportunidade.

No front interno, as questões de segurança se relacionam aos radicalismos domésticos, pois o “efeito holofote” deverá voltar a pressionar os governos locais que, então, se tornam bem mais interessados na ausência de distúrbios. A exposição ao olhar exterior fortalece o poder de barganha dos movimentos que promovem barulho, em função da intensificação da demanda governamental por silêncio. Os governos locais “acusam o golpe”, reprimindo de maneira mais ativa do que o habitual. Dinâmica universal que se complica ainda mais no contexto de uma sociedade como a brasileira, que ainda está tentando definir os limites entre autoridade e autoritarismo.

Os movimentos democráticos que canalizam demandas sociais, na verdade, não representam uma ameaça à segurança. Mas sim certas iniciativas radicais isoladas que podem capitalizar os momentos de suspensão da ordem cotidiana. Fato interessante da psicologia humana mas também social: a abertura de uma janela para o mundo exterior geralmente causa impactos no comportamento doméstico.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O estudo das Relações Internacionais na Inglaterra

(Victória Coelho)

     Ao longo da história, a Inglaterra tem ocupado posição de potência mundial e exercido grande influência sobre o cenário político e econômico mundial, sendo até 1950 considerada como uma superpotência. No entanto, o custo de duas guerras mundiais e o processo de descolonização diminuiu essa significativamente essas influência, mesmo permanecendo um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, um legado de seus dias de Império Britânico.

Com essa projeção internacional, o estudo das Relações Internacionais (RI) conheceu muito desenvolvimento nas ilhas britânicas, como disciplina acadêmica, ali se originando em 1919. Ainda no ambiente da realização da Conferência de Paz de Paris, foi concebida a idéia de um instituto anglo-americano para estudar os problemas internacionais com vista a impedir as guerras futuras. Essa iniciativa originou a criação do Instituto Britânico de Assuntos Internacionais que, em 1926, se tornou o Instituto Real de Assuntos Internacionais, também conhecido como "Chatham House", uma organização que preserva sua independência, ideológica e financeira. Na mesma época, a London School of Economics inauguraria um departamento de Relações Internacionais que, posteriormente, seria importante para a construção de teorias da chamada "escola inglesa" das Relações Internacionais.

O desenvolvimento da chamada "escola inglesa" se baseou sobre o trabalho de um grupo de estudiosos e diplomatas no final da década de 1950. Os mesmos se juntaram e construíram o Comitê Britânico para a Teoria da Política Internacional, com o objetivo de investigar questões fundamentais da teoria internacional. Mais que isso, essa Escola, ao longo dos anos, ensaiou a forma de ver as relações internacionais mais condizente com as ondas de desconfiança do racionalismo e mais próxima à voga do construtivismo social.

No período pós Segunda Guerra o foco do debate das relações internacionais também se encontrava polarizado entre o Realismo e o Liberalismo. A partir desse cenário surge a Escola Inglesa, que se apropria de conceitos das duas teorias clássicas antecessoras, contudo criando uma via intermediária, uma fusão alternativa onde se utilizava dos elementos do Realismo e do Liberalismo com o objetivo de entender as relações internacionais, considerando ainda para aspectos como os valores culturais e a desigualdade.

Estudo sobre o desenvolvimento das relações internacionais na Russia.

(Pedro Montes)

      Com o fim do bloco soviético, e a forte recuperação russa pós crise de 98, o gigante vem se firmando no cenário internacional, como economia emergente, membro do BRICS e da OMC. A Russia vê hoje a necessidade de uma representação internacional a altura de sua importância.

Através de investimentos na divulgação de sua cultura, com programas como “The voice of Russia” (aqui no Brasil, "Voz da Rússia") ou ainda “Diario da Rússia”, o governo russo busca passar ao mundo a imagem da nova Rússia pós guerra fria, uma nação capitalista e muito poderosa.

Com forte aprovação do governo Putin (70 ~75%), a Rússia hoje busca representantes a altura de sua importância no cenário internacional. Tendo como um dos principais objetivos de sua politica externa a contenção da Otan e uma forte represália ao sistemas de misseis “defensivos” inciado por Clinton. O posicionamento russo em prol de países como o Irã reforça sua politica de contenção da OTAN.

A principal instituição para o estudo das relações internacionais na Russia se encontra em São Petesburgo, fundada em 1994, a Escola de Relações Internacionais treina especialistas altamente qualificados em Relações Internacionais.

Hoje, esta Escola mantém relações com as mais de vinte universidades e organizações na Europa e na America do Norte que fazem exame da parte em tais projetos internacionais como TEMPUS e a projetam instrução civil. A escola de Relações Internacionais é um membro da associação de escolas profissionais dos casos internacionais (APSIA) que une universidades principais dos Estados Unidos e outros países que treinam especialistas em RI. Apresenta ainda forte participação de professores e estudantes por intercâmbio.

Todos os professores e pesquisadores membros da faculdade detêm graus acadêmicos relevantes, a maioria deles com experiência de ensino em universidades americanas e europeias. Entre seus professores estão os oficiais do Ministérios de Relações Estrangeiras, da administração da cidade do São Petersburgo e dos membros do Academia Russa de Ciências. Ao mesmo tempo, muitos especialistas estrangeiros participam das estruturas de pesquisa e ensino, muitos em regime de intercâmbio.

A escola mantém regularmente seminários internacionais e as conferências assistidos por investigadores e por alunos famosos, políticos e figuras públicas, russas e estrangeiras. A escola de Relações Internacionais abriga centros de informação das principais organizações internacionais: o Centro de Documentação Europeu, as informações e o Centro de Documentação Regional do Conselho da Europa e a Biblioteca Unida das Nações, o Escritório de informação de Ibero americano, o Centro para Estudos Indiano e o Centro de Pesquisa da Paz.

No presente a Escola de Relações Internacionais oferece dois programas básicos: Relações Internacionais e Estudos Regionais. A escola de Relações Internacionais oferece uma ampla variedade de cursos, compulsórios e opcionais, assim assegurando uma aproximação integrada e interdisciplinar aos casos internacionais. Seus cursos cobrem uma escala larga dos assuntos, incluindo: direito internacional, economia, teoria das RI, teoria política, história, artes, estudos étnicos, entre outros.

O estudo das RI na Alemanha

(Marina Alves)

Pode-se dizer que o estudo das Relações Internacionais, de um modo geral, é recente e crescente, e se iniciou como carreira logo após a Primeira Guerra Mundial quando as nações viram que era preciso desenvolver análises para melhor compreender o que estava ocorrendo no mundo.

Os primeiros países a começarem a estudar essas relações foram a Inglaterra e os EUA, devido as consequencias pós Primeira Guerra esses países começaram a investir nessa área e em outras áreas estratégicas para melhor traçarem um melhor plano de Estado.

Apesar do dramático envolvimento do país na geopolítica internacional, os estudos das Relações Internacionais na Alemanha são bem tardios, mais como um subproduto da produção americana no pós-guerra do que uma inspiração da produção do governo nazista sobre geopolítica.

Um dos pioneiros dos estudos alemães na área da história da relações internacionais foi Leopold Von Ranke. Mas a partir desse desenvolvimento inicial, o campo do estudo das Relações Internacionais comecou a crescer bastante através da influência epistemológica dos estudos em teoria social empreendidos pela chamada "Escola de Frankfurt". Esse pensamento "frankfurtiano" foi o que resultou num grande impacto sobre a produção científica em ciências sociais, e também em Relações Internacionais.

Algumas referências para o aprofundamento: "A review of studies on German International Relations in 20th century" (de Wu Zhicheng), e "A probe into the influences of the Frankfurt School on Theories of International Politics" (de Niu Jusheng Guo Shuyong.)

O estudo das Relações Internacionais na Índia

(Ana Gabriela Araujo)

I. HISTÓRICO

Em 1947, após a independência indiana, conquistada através do movimento pacifista de Gandhi, Jawaharlal Nehru assumiu o posto de Primeiro Ministro. Nehru, que ressaltava a importância do estudo das Relações Internacionais para a Índia recém-independente, lidou durante seu mandato principalmente com os conflitos entre a Índia e o Paquistão pela Caxemira e também ajudou a construir a política externa indiana, baseada na neutralidade durante a Guerra Fria.

Em 1955, foi criada a primeira faculdade de Relações Internacionais no país, a Indian School of International Studies. Ela foi fundada por Hriday Nath Kunzru, Arjun Appadorai e Mannaraswamighala Sreeranga Rajan com o apoio do Primeiro Ministro, Jaeaharlal Nehru, e da Indian Council of World Affairs, estando, em um primeiro momento, afiliada à University of Delhi. Em 1969, após o falecimento de Jawaharlal Nehru, foi fundada por Indira Ghandi, sua filha, a universidade pública Jawaharlal Nehru University (JNU). Em 1970, a Indian School of International Studies foi anexada à JNU, tendo seu nome alterado para School of International Studies.

II. INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Atualmente, existem onze universidades indianas que ministram o curso de Relações Internacionais, mas nenhuma o oferece como graduação. A School of International Studies inicialmente era voltada para a pesquisa e disponibilizava apenas títulos de doutorado. Após ser anexada à JNU, a escola iniciou seu curso de mestrado, com duração de dois anos. Pela sua importância histórica e por ter sido a pioneira, muitos dos professores da School of International Studies são convidados para serem consultores do governo e, durante alguns anos, a faculdade organizou um curso de treinamento para os candidatos à diplomacia indiana.

A University of Madras é uma universidade pública que foi fundada em 1857. Oferece cursos de mestrado e doutorado com foco em defesa e estudos estratégicos na School of Political and International Studies desde a década de 1970 . Fundada no mesmo ano, a University of Mumbai oferece pós-graduação em Relações Internacionais no Institute of International Studies (IIS).

A Mahatma Gandhi University (MGU) foi fundada em 1983. Sua School of International Relations and Politics foi criada no mesmo ano e oferece cursos de mestrado e doutorado. A Pondicherry University foi fundada em 1985 e desde então mantém a School of Social Sciences and International Studies, que oferece mestrado e doutorado na área de Relações Internacionais.

A Jadavpur University (JU) é uma universidade pública que foi fundada em 1955. Sua School Of International Relations and Strategic Studies foi fundada em 1987 e oferece o curso de doutorado. A Manipal University (MU), fundada em 1993, mantém o Department of Geopolitics and International Relations, que oferece mestrado. Além disso, a universidade iniciou uma parceria com a União Européia em 2009, criando o Department of European Studies.

A Global Open University of Nagland foi fundada em 2006. Ela mantém o National Institute of Diplomacy, que oferece mestrado na área de Relações Internacionais. A Sikkim University, fundada em 2007, oferece mestrado na área desde 2008 no Department of International Relations and Politics.

A South Asian University (SAU) é uma universidade particular internacional fundada em 2010, cujo campus fica na Índia. Seu Department of International Relations foi recém-criado e oferece os títulos de mestrado e doutorado. A O. P. Jindal Global University (JGU) é uma universidade particular fundada em 2009. A Jindal School of International Affairs (JSIA) foi criada em 2010 e seu curso de mestrado começou em 2011.

Além dessas universidades, muitas outras ensinam a disciplina Relações Internacionais durante a graduação de Ciências Políticas. Dentre as principais universidades com esse currículo estão a Bangalore University, a Dibrugargh University, a Gauhati University, a Goa University, a Gulbarga University, a Guru Nanak Dev University, a Mangalore University, a University of Hyderabad, a University of Jammu, a University of Kalyani, a University of Kerala e a University of the Punjab.

III. PUBLICAÇÕES

A mais antiga publicação de Relações Internacionais na Índia é o India Quarterly: A Journal of International Affairs, que começou a ser publicado em 1954 pelo Indian Council of World Affairs e cuja última edição é datada de março de 2013. Publicada desde 1959, a International Studies, vinculada à Jawaharlal Nehru University, também é considerada uma das mais importantes publicações sobre Relações Internacionais na Índia. Além dessas, a maioria das universidades que oferecem o curso mantêm algum periódico sobre o assunto. A Mahatma Gandhi University publica a cada dois anos o Indian Journal of Politics and International Relations e o South Asian Journal of Diplomacy, e a Jindal School of International Affairs também publica a cada dois anos o Jindal Journal of International Affairs. Ademais, a Association of Indian Diplomats publica o Indian Foreign Affairs Journal desde 2006.

IV. TEORIAS VIGENTES

Durante a década de 1980, inspirados pelos estudos do italiano Antonio Gramsci, intelectuais indianos passaram a estudar a história da Índia e da Ásia a partir de uma visão subalterna. Os estudos subalternos analisaram a Índia pela cultura e história das pessoas dos níveis mais baixos da sociedade indiana, uma mudança significativa em relação à visão que os países coloniadores tinham das ex-colônias.

Liderado por Ranajit Guha, Dipesh Chakrabarty e Gayatri Spivak, o grupo de estudos subalternos influenciou a Teoria Pós-Colonial, que entrou no campo das Relações Internacionais nos anos 1990. A Teoria Pós-Colonial critica a abordagem eurocêntrica das Relações Internacionais e defende seu estudo pela perspectiva das ex-colônias. Além disso, o pós-colonialismo é um estudo multidisciplinar, que busca analisar os incluídos e os excluídos não só nas Relações Internacionais, como também na Sociologia, Literatura, Filosofia e Ciência Política.

V. PRINCIPAIS AUTORES

Amitav Acharya é um dos principais internacionalistas indianos da atualidade, com mais de 20 livros e de 200 artigos publicados, Amitav trabalhou em diversas universidades renomadas ao redor do mundo. Apesar da formação antropológica, Arjun Appadorai, um dos fundadores da primeira instituição indiana a ensinar Relações Internacionais, foi muito relevante para a área e atualmente estuda a globalização.

Kanti Bajpai é um especialista em relações sino-indianas e um importante comentarista televisivo sobre as relações exteriores indianas. Com muitos artigos publicados, Kanti é professor de Relações Internacionais na JNU, tendo também trabalhado em diversas instituições de ensino ao redor do mundo. M. S. Rajan, um dos fundadores da Indian School of International Studies, tem diversos artigos publicados e é um importante estudioso da área das Relações Internacionais. Dentre os principais temas estudados por ele estão a política externa indiana, o não-alinhamento e o papel das organizações internacionais.

Rajesh Rajagopalan é professor de Relações Internacionais na JNU, tem vários artigos e alguns livros publicados. Estuda as teorias das Relações Internacionais e as questões nucleares que envolvem a Índia e o Paquistão. S. D. Muni é um importante internacionalista e embaixador indiano, trabalhando principalmente com os países do sul asiático. Recentemente, recebeu a mais importante medalha do Sri Lanka para um estrangeiro. Foi o fundador da Indian Foreign Affairs Journal, publicada entre 2005 e 2008, escreveu mais de 20 livros e publicou mais de 125 artigos. Siddharth Mallavarapu é professor de Relações Internacionais na SAU e tem publicado diversos artigos sobre as teorias das Relações Internacionais na Índia, alguns em parceria com Kanti Bajpai.

VI. ASSOCIAÇÕES E CENTROS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Fundado em 1943 por intelectuais indianos, o Indian Council of World Affairs é uma organização não-política, não-governamental e não-lucrativa de extrema importância para a área. Também de extrema importância para a área, a Association of Indian Diplomats foi fundada em 1980 e reúne diplomatas, embaixadores e estudiosos da área de relações exteriores indiana. A Jadavpur Association of International Relations, voltada para o estudo da disciplina, foi fundada em 2007 para comemorar os 60 anos de independência indiana e tem se destacado na área.

O Centre for Policy Research, criado em 1973, lida também com o tema das Relações Internacionais e a Segurança, mantendo um blog sobre o assunto. Em termos gerais, os estudos indianos sobre Relações Internacionais tangenciam os temas de segurança, conflito, paz e desenvolvimentismo. Desse modo, existem muitos centros voltados para o estudo desses temas, mas não necessariamente voltados para as Relações Internacionais.