terça-feira, 31 de março de 2015

Pisando em terra sagrada: como o turismo religioso ajuda a mover o Oriente Médio

(Isabela Lemos)


   Pensar em Oriente Médio muitas vezes é pensar em petróleo e conflitos, mas há muito além na região. O local tem atraído os olhares do resto do mundo com suas paisagens exóticas e com isso, gerou 47 bilhões de dólares em receita com o turismo em 2013, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT). A possibilidade de transitar entre diversos séculos, tipos diferentes de etnias e tradições encanta e atraí milhares de pessoas todos os anos transformando o turismo em uma forma dos países tornarem-se menos dependentes do petróleo.

   Israel é uma das principais escolhas dos estrangeiros, já que sua capital, Jerusalém, é a cidade santa para três religiões monoteístas do mundo: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Jerusalém atrai diversos tipos de turistas, mas um muito específico: o turista movido pela fé. Esse segmento   movimenta no mundo todo cerca de 2 trilhões de dólares, movimentando mais de 300 milhões de pessoas.

   O recorde do turismo religioso vem precisamente de Israel que, em 2013, recebeu sozinho 3,5 milhões de visitantes, como informa o site Ynetnews.com. A maioria desses visitantes vem dos Estados Unidos (18%). Os cristãos totalizam 53% (sendo a metade católica) e os judeus 28%. A peregrinação é tida como a motivação principal para um em cada quatro visitantes, ou seja, cerca de 770 mil pessoas.

   Essas milhares de pessoas são motivadas pelo desejo de ver, tocar e andar por onde os profetas e santos andaram, como Moisés e Cristo. No caso dos cristãos, os locais mais visitados são a Via Dolorosa (ou Via Crúcis), onde deu seus últimos passos até a crucificação no Monte das Oliveiras, lugar que abrigou a primeira comunidade cristã da história e onde Judas traiu Cristo. Ambos os locais são sagrados para as religiões.

   O governo de Israel tem investido no turismo e o site oficial no Brasil conecta o internauta a opções católicas e evangélicas de conhecer a Terra Santa, além de oferecer pacotes e dicas de viagem. As ações do governo começaram em 2007 com a campanha “You’ll love Israel from the first Shalom”. A campanha funcionou nos EUA com o objetivo de mostrar as belezas do país e atrair mais visitantes.

     Entre outros importantes atrativos de visitação em Israel e Oriente Médio também estão a Esplanada das Mesquitas (Israel), o Muro das Lamentações (Israel), Mesquita de Ahamd Ibn Tulun (Egito), Betânia do Além Jordão (Jordânia).


Quem quer ser um milionário ?

(Eduardo Pacheco)

     De uns anos pra cá, um polêmico fenômeno tem marcado o futebol mundial, especialmente europeu. Personalidades e instituições bilionárias têm feito investimentos gigantescos nos mais diversos clubes, principalmente naqueles que são populares e que se encontram em dificuldades financeiras. Magnatas russos, como Roman Abramovich, atual dono do Chelsea, da Inglaterra, e um dos pioneiros no assunto, mas também grupos ucranianos, malaios, árabes e até paquistaneses têm sido protagonistas dessa tendência.

     Entre tantos investidores, o maior volume de dinheiro investido no futebol europeu é proveniente das economias petroleiras do Oriente Médio. Khaldoon Al Mubarak e Nasser Al-Khelaïfi são os dois principais exemplos de investidores árabes. O primeiro, nascido nos Emirados Árabes e cuja fortuna é estimada em 25 bilhões de euros, o que o faz o segundo homem mais rico da Europa, atrás apenas do ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, comprou em 2008 o Manchester City, da Inglaterra. Já o segundo, nascido no Qatar, tornou-se presidente do Paris Saint-Germain, da França, em 2011, após a Autoridade de Investimento do Qatar (QIA), um fundo soberano do país árabe ter comprado 70% da equipe parisiense, com o objetivo de diversificar os ativos do governo do país em setores não energéticos. A operação permitiu que craques de calibre mundial, como Cavani, Ibrahimovic, David Luiz, Thiago Silva e Lucas, fossem comprados pelo PSG, que gastou cerca de R$ 1,5 bilhão, em apenas quatro anos.

PSG e Manchester City ocupam as posições de 5º e 6º clubes mais ricos do mundo com ativos estimados em 474 e 414 milhões de euros, respectivamente. À frente das duas equipes encontram-se somente os gigantescos Real Madrid, Manchester United, Bayern de Munique e Barcelona.

     Desde suas aquisições por bilionários árabes, as duas equipes, que já eram, de certa forma, conhecidas, apesar de poucos títulos, tornaram-se potências nacionais, sendo os maiores campeões nacionais de seus respectivos países nos últimos três anos. No cenário europeu, tanto Manchester City quanto PSG ainda buscam afirmação.

     O incrível potencial financeiro das equipes já rendeu problemas extracampo para seus investidores. Em 2014, ambas as equipes foram enquadradas na regra de fair play financeiro, princípio estabelecido pela FIFA no intuito de limitar o gasto dos times, fixando como teto valores iguais ou inferior à arrecadação, uma espécie de lei de responsabilidade fiscal do futebol. Por conta dos excessivos gastos, City e PSG tiveram que pagar uma multa com valor equivalente a R$ 182 milhões e tiveram um limite de inscrição de jogadores para a Champions League 2014-15 inferior ao costumeiro.

  Além das duas equipes, outras cinco equipes contam com investimento proveniente do Oriente Médio em seu orçamento. As tradicionais equipes inglesas do Arsenal (que teve 29% dos seus direitos comprados em 2007), Leeds United e Nottingham Forest, o 1860 München, da Alemanha, e o Málaga, da Espanha, clube que também foi punido por falta de fair play financeiro, fecham a lista.


     O impressionante montante de recursos canalizados para os clubes, principalmente no caso do PSG, no qual uma instituição pública é a principal investidora, abre margem para longos debates. Seria o investimento desproporcional uma solução para clubes endividados e uma forma de montar equipes com muitos craques juntos ou seria ele um malefício ao esporte, afastando-o cada vez mais de sua maior característica, a paixão ?

terça-feira, 24 de março de 2015

O Oriente Médio para brasileiros : muito além dos conflitos

(Fernanda Lopes Marinho)

 A diversidade étnica conjugada com interesses econômicos e geopolíticos entre os quinze países e milhares de habitantes do Oriente Médio pode ser considerado como o fator responsável por diversos conflitos na história recente da região. Ali estão presentes três importantes religiões, o Islamismo, o Cristianismo e o Judaísmo, e o radicalismo religioso gerado são pautas para debates por todo o mundo e manchetes dos principais jornais. Entretanto, ao mesmo tempo, percebe-se a presença e a influência dos povos que migraram do Oriente Médio para o Brasil através dos diversos aspectos culturais e econômicos. Alguns deles têm sido reforçados pelas grandes mídias, mas muitos outros têm sido facilmente bem aceitos e incorporados à cultura brasileira, ao longo de décadas de presença dos imigrantes. 

Recentemente, a Turquia, país considerado pelas Nações Unidas como um dos principais destinos de vítimas do tráfico de pessoas, foi tema da novela “Salve Jorge”, que abordou o tema e denunciou o funcionamento de quadrilhas que praticam esse tipo de crime, além de aproximar o grande público dos costumes e crenças daquele país, como os trajes e acessórios usados pelas atrizes.  Citados também em outras novelas, países do Oriente como a Jordânia e Egito, têm sido explorados, com foco nas suas belezas e cultura.

Os Emirados Árabes, são o sonho de consumo para muitos brasileiros. Visado por turistas de todo o mundo, sua riqueza começa no petróleo, com a sexta maior reserva do mundo, e termina em incríveis e luxuosas cidades. Dubai, o principal centro de turismo do país, não para de erguer prédios, centros comerciais, hotéis e ilhas artificiais luxuosas. Tem suas fotos compartilhadas em todos os blogs de viagem e sites relacionados.

A diversidade gastronômica do Oriente Médio também é muito conhecida no Brasil. Desde do final do século 19, quando os árabes cristãos libaneses saíram de sua terra de origem, fugindo, na época, do Império Otomano, controlado por muçulmanos. Trouxeram ao Brasil uma das heranças culturais mais ricas entre todos os povos que já migraram para cá. A partir disso, a comida árabe se espalhou e conquistou novas versões, aprovadas e amadas pelos brasileiros, de todas as regiões e de todas as classes. Até uma rede de fast food se popularizou, o “Habibs”, possuindo mais de 400 unidades.

Por último, mas não menos importante, também a comunidade Judaica no Brasil hoje passa dos 100 mil praticantes, preservando antigos costumes, se aproximam cada vez mais dos brasileiros e do nosso cotidiano. É possível encontrar nas grandes metrópoles, mercados com produtos importados e específicos para culinária judaica, ou confeitarias e mesmo restaurantes. Além de expressões usadas por nós e trazidas por eles, como “ficar a ver navios”, se referindo ao período em que os judeus foram enganados com uma data fictícia que navios os levariam para fora de Portugal, ou “Se te serviu a carapuça”, que vem dos tempos de inquisição, quando o réu era obrigado a colocar uma carapuça assumindo a culpa.


E Agora, Quem Comandará Israel Rumo à Paz ?

(Alberto Simintab)


País decide hoje, com as eleições nacionais, o próximo primeiro ministro, que terá em especial, entre outras missões, solucionar um conflito de séculos.

As eleições israelenses que estão sendo realizadas nesta terça feira, dia 17 de março, estão longe de serem consideradas umas das mais tranqüilas dos últimos anos. Pelo contrário, parece claro que as políticas adotadas pelo próximo premier eleito deverão influenciar o futuro do povo israelense e de todo Oriente Médio.

De acordo com pesquisas recentes, o atual primeiro ministro, Benjamim Netanyahu, é o grande favorito para governar o país novamente. Bibi, como é conhecido, faz parte de um partido de direita israelense, o Likud, o mais popular do Estado judeu. Porém, dois partidos vem subindo muito no conceito da população, o Israel Beiteinu e o Yesh Atid.

As eleições em Israel são um pouco diferente da forma que já está se acostumado no Brasil. O voto não é obrigatório, e além disso, as pessoas não votam em candidatos individuais, e sim, em partidos. Por exemplo, se alguém quiser votar em Bibi, terá que votar na lista que o partido enviou para as eleições.

Em entrevista dada à GloboNews, o atual primeiro ministro israelense disse que, se for reeleito, não haveria, em hipótese alguma, a criação de um Estado Palestino. Teria sido essa declaração, feita um dia antes da eleição, uma estratégia para o seu partido liderar a votação ?

Segundo integrantes do site Conexão Israel, página criada por brasileiros que residem em solo israelense, grande parte da população apóia sim a reeleição de Netanyahu. Porém, a cabeça das pessoas vem dando sinais de mudança, com o crescimento da tese de “2 estados para 2 povos”. De acordo com eles, nesta terça feira, o país estará indo às urnas de maneira dividida. A única unanimidade que se tem é a vontade de garantir o melhor futuro para o povo israelense, em todos os sentidos.