terça-feira, 24 de março de 2015

O Oriente Médio para brasileiros : muito além dos conflitos

(Fernanda Lopes Marinho)

 A diversidade étnica conjugada com interesses econômicos e geopolíticos entre os quinze países e milhares de habitantes do Oriente Médio pode ser considerado como o fator responsável por diversos conflitos na história recente da região. Ali estão presentes três importantes religiões, o Islamismo, o Cristianismo e o Judaísmo, e o radicalismo religioso gerado são pautas para debates por todo o mundo e manchetes dos principais jornais. Entretanto, ao mesmo tempo, percebe-se a presença e a influência dos povos que migraram do Oriente Médio para o Brasil através dos diversos aspectos culturais e econômicos. Alguns deles têm sido reforçados pelas grandes mídias, mas muitos outros têm sido facilmente bem aceitos e incorporados à cultura brasileira, ao longo de décadas de presença dos imigrantes. 

Recentemente, a Turquia, país considerado pelas Nações Unidas como um dos principais destinos de vítimas do tráfico de pessoas, foi tema da novela “Salve Jorge”, que abordou o tema e denunciou o funcionamento de quadrilhas que praticam esse tipo de crime, além de aproximar o grande público dos costumes e crenças daquele país, como os trajes e acessórios usados pelas atrizes.  Citados também em outras novelas, países do Oriente como a Jordânia e Egito, têm sido explorados, com foco nas suas belezas e cultura.

Os Emirados Árabes, são o sonho de consumo para muitos brasileiros. Visado por turistas de todo o mundo, sua riqueza começa no petróleo, com a sexta maior reserva do mundo, e termina em incríveis e luxuosas cidades. Dubai, o principal centro de turismo do país, não para de erguer prédios, centros comerciais, hotéis e ilhas artificiais luxuosas. Tem suas fotos compartilhadas em todos os blogs de viagem e sites relacionados.

A diversidade gastronômica do Oriente Médio também é muito conhecida no Brasil. Desde do final do século 19, quando os árabes cristãos libaneses saíram de sua terra de origem, fugindo, na época, do Império Otomano, controlado por muçulmanos. Trouxeram ao Brasil uma das heranças culturais mais ricas entre todos os povos que já migraram para cá. A partir disso, a comida árabe se espalhou e conquistou novas versões, aprovadas e amadas pelos brasileiros, de todas as regiões e de todas as classes. Até uma rede de fast food se popularizou, o “Habibs”, possuindo mais de 400 unidades.

Por último, mas não menos importante, também a comunidade Judaica no Brasil hoje passa dos 100 mil praticantes, preservando antigos costumes, se aproximam cada vez mais dos brasileiros e do nosso cotidiano. É possível encontrar nas grandes metrópoles, mercados com produtos importados e específicos para culinária judaica, ou confeitarias e mesmo restaurantes. Além de expressões usadas por nós e trazidas por eles, como “ficar a ver navios”, se referindo ao período em que os judeus foram enganados com uma data fictícia que navios os levariam para fora de Portugal, ou “Se te serviu a carapuça”, que vem dos tempos de inquisição, quando o réu era obrigado a colocar uma carapuça assumindo a culpa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário