quarta-feira, 14 de maio de 2014

Redes Sociais e a opinião pública internacional

(Kim Milward de Andrade)

Já há alguns séculos o poder tem sido concentrado na mão do Estado, de diferentes formas, sejam eles absolutistas, totalitários ou mesmo representativos. Com a revolução das tecnologias de comunicação, entretanto, os canais de participação foram multiplicados, especialmente a participação na cidadania, para a discussão de assuntos do interesse coletivo. Também a participação na cidadania internacional foi potencializada, independentemente dos canais governamentais. Nessa perspectiva, o Estado passou a dividir seu poder de influência nas relações internacionais com novos agentes, com participação direta.

Nos últimos 20 anos, novas organizações internacionais não governamentais (OINGs) foram desenvolvidas e passaram a ter cada vez mais expressão no cenário mundial. Outro agente que divide espaço na cena internacional ao lado de Estados e governos, organizações intergovernamentais e OINGs são as empresas transnacionais. Estas cresceram, impulsionadas pelo rápido processo de globalização após a segunda metade do século XX, espalhando suas atuações por países do mundo todo, o que lhes atribuiu poder de decisão em assuntos que antes eram decididos apenas entre Estados.

Por último, identificamos a opinião pública como novo agente determinante. Para muitos, parece não ser tão poderoso nas relações internacionais, ao considerarem exemplos históricos onde a força de governos passou por cima de demandas populares em nome dos interesses de governo.

Porém, a opinião pública vem sendo decisiva em diversos assuntos e decisões internacionais. Isso se deve ao grande desenvolvimento das mídias que tornam a comunicação mais rápida, diminuindo as distancias e aproximando mais as pessoas.

Isso não quer dizer que antes a opinião publica não tivesse importância. A diferença é que agora ela se expressa e dissemina mais rapidamente, tornando-se mais aparente, mais presente. Diferentes tipos de mídia passaram a ser cotidianos na vida das pessoas, mantendo-as constantemente informadas e mobilizadas sobre o que é publicado, ou postado a todo minuto.

A participação em movimentos sociais também fica mais fácil, pois, antes, a mobilização social demandava o um contato mais direto, mais personalizado e, sobretudo, mais lento, o que diminua a escala de mobilização. Hoje, com o advento da internet e o crescimento das redes sociais qualquer um pode participar de mais de dez movimentos de crítica ou reivindicação sem sair de casa ou do trabalho, basta apenas “curtir” aquela página e assim estará mostrando que é adepto àquele movimento, passando a receber informes e atualizações, compartilhando ideias e informações dentro de um grupo.

Talvez, o melhor indicador da importância da opinião pública e dos mecanismos de comunicação seja a política de certos governos, como o chinês, de controlar e monitorar redes sociais, restringindo até o acesso da população às redes sociais globais, como Facebook ou Twitter.

A tendência é uma evolução cada vez maior e mais rápida das redes. Isso pode ser aproveitado para fortalecer ainda mais a opinião pública. Recentemente, diversos movimentos iniciaram-se e ganharam proporções globais, espalhando-se nas redes sociais, como o Kony 2012, por exemplo. Pessoas separadas por grandes distâncias geográficas, agora se aproximam pelo compartilhamento de ideias semelhantes, reagindo rapidamente a elas.

Esses mecanismos de comunicação e mobilização contribuem de fato para anular distâncias e, dessa forma, estimular uma cooperação maior dentro das relações internacionais. Isso pode até minimizar a ocorrência de conflitos, já que a interdependência de interesses comuns compartilhados internacionalmente entre Estados, governos, empresas, mas também entre segmentos sociais.

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