quinta-feira, 2 de abril de 2015

Jornalismo no Oriente Médio: entre dificuldades e histórias de sucesso

(Maria Maria Queiroz)

O trabalho jornalístico no Oriente Médio é um desafio. Censuras, ameaças e opressões, conflito de ideais estão entre os principais males. Recentemente, alguns fatos marcantes têm ilustrado tal situação, como, por exemplo, a execução de jornalistas em exercício da profissão por grupos extremistas. É o caso de James Foley e de Steven Sotloff, ambos decapitados por militantes do “Estado Islâmico” (IE).

Sobre isso, o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) publicou um relatório no qual a profissão do jornalista aparece como uma das mais perigosas para se exercer no Oriente Médio. Um dado relevante é o de a metade das mortes em atuação ser na região. A Síria, por exemplo, apresenta-se como o país mais fatal do mundo para jornalistas pelo terceiro ano consecutivo.

No entanto, em meio a esse cenário, alguns canais resistem em meio aos desafios, como a emissoras de TV que aparecem como alternativa em defesa da liberdade de expressão, sem que haja restrição de conteúdos a temas religiosos e discursos governamentais, como é o caso da rede de televisão Al Jazeera.

A Al Jazeera foi criada em 1996 pelo emir (que corresponde a um tipo de “comandante”) Hamad bin Khalifa Al Thani, no Catar. O objetivo era o de transformar o pequeno país em grande centro cultural da região. Tornou-se, em pouco tempo, uma das redes de televisão mais poderosas do mundo, sendo fenômeno de audiência no Oriente Médio.

A emissora ganhou projeção mundial com a cobertura das guerras, como a do Afeganistão, Iraque e a invasão do Kuwait, pois além de deter uma estrutura de ponta, a rede conta com o bônus de ter a linguagem e a proximidade com os acontecimentos do mundo árabe. Estando inserida nesse contexto, conseguia, por muitas vezes, cobrir os fatos em primeira mão. Exemplo disso foi a transmissão de discursos do Osama Bin Laden. Além disso, incorporou ao seu conteúdo um viés mais isento em relação às demais coberturas, o que aumentou sua credibilidade e somou fãs no mundo inteiro.

Por outro lado, o caráter militante junto a forte liberdade de expressão não somou apenas fãs à rede televisiva. Tais características alastradas ao acesso direto e proximidade dos fatos, linguagem e pessoas e, por fim, aos benefícios que isto acarreta à produção de conteúdo em relação as demais emissoras, proporcionou à Al Jazeera algumas “inimizades”. Uma delas é o regime islâmico radical, que por sua vez, não toma nenhuma atitude drástica por saber que a briga com uma rede tão popular apenas aumentaria a impopularidade do próprio. Outras são as emissoras televisivas ao redor do mundo, como por exemplo a CNN, que foi “furada” pela Al Jazeera nas coberturas dos conflitos da região.

No entanto, as histórias de sucesso do jornalismo no Oriente Médio não se resumem a Al Jazeera. No jornalismo impresso, um grande destaque é o Khaleej Times, de Dubai, que é o jornal mais lido do Oriente Médio. Logo atrás dele vem o Alayam, de Manana – Barein, que além de estar em segundo lugar nos mais lidos da região, foi colocado na posição 40 na lista dos jornais de versão online mais vistos em 2010 na região que se refere ao Oriente Médio e Norte da África.

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