quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mulheres brasileiras viajam sozinhas pelo Oriente Médio

(Roberta Nolasco)

O Oriente Médio não se resume apenas a conflitos e intolerância religiosa. A Região possui um enorme legado de civilizações antigas e uma cultura inigualável, além de ser famoso pelas maravilhas naturais e arquitetônicas que abriga.

No ano passado o turismo na região aumentou em comparação com o ano de 2013, de acordo com publicação da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO). Os países que tiveram maior aumento no número de turistas foram Egito, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita, segundo a UNWTO.

A estudante de arquitetura Catarina Simões realizou um intercâmbio social no Egito entre os meses de novembro a janeiro desse ano, no qual dava aulas de inglês a crianças de baixa renda no Cairo. Ela contou que assim que surgiu a oportunidade de fazer o intercâmbio, o Egito foi o primeiro lugar que pensou em ir, mesmo com uma posição muito diferente da mulher na sociedade.

Segundo Catarina, “a primeira coisa que chamou minha atenção lá, foi a maneira como uma mulher chama atenção na rua. Se você está caminhando desacompanhada chama muita atenção, a ponto de todas as pessoas na rua olharem para você. Isso foi uma coisa que eu só tinha ouvido falar mas não sabia o quão desconfortável poderia ser”.

A jornalista Renata Garcia passou seis meses viajando pelo Oriente Médio e conheceu os países da Jordânia, Israel, Dubai e Irã. Atualmente está morando há um mês na Arábia Saudita. “Gostei tanto da região que precisei voltar. Tudo é incrivelmente diferente aqui”.

Renata contou que foi muito bem recebida na Arábia Saudita. “Eles adoram brasileiros. Pedem prá tirar foto, tentam conversar. A maioria das coisas que ouvi quando falavam que eu era brasileira era: oh! Ronaldinho! Ou 7x1! E escutei bastante coisas do tipo: sempre quis ir no Brasil ou adoro o Brasil”.

De acordo com a Amadeus, empresa líder no setor global de viagens e turismo, o Oriente Médio deve receber 136 milhões de turistas em 2020, número bem maior que o de 2008 (54 milhões de turistas). A região possui um dos mercados hoteleiros que mais cresce no mundo, focado no segmento de luxo.

A recém formada em jornalismo, Marina Mansur morou no Egito durante um ano. Durante sua estadia, ela foi confundida com uma prostituta porque estava fora de casa durante a noite com alguns amigos. O fato aconteceu na cidade de El Asher (conhecida em inglês como Tenth of Ramadan), na região metropolitana do Cairo. “Nada de mau aconteceu, como eu estava acompanhada de amigos egípcios, eles resolveram esse mal entendido”, disse Marina.

Ela aconselhou as mulheres que pretendem viajar sozinhas pelo país a possuir algum conhecido que more por lá. “Se alguma mulher quer viajar para o Egito eu diria a ela para ir ao Egito. Mas que conheça pelo menos alguém que more lá, por que não falar árabe às veze pode ser um problema e tome cuidado com o que vestir”, disse Marina.

A estudante de medicina Paola Moreira decidiu participar de um projeto voluntário na Índia, onde ensinou inglês e multiculturalismo em duas escolas. Ela morou durante dois meses em Ahmedabad e contou que apesar da cidade ser predominantemente hinduísta, o crescimento do islamismo pode ser observado.

Segundo Paola, é difícil para uma mulher viajar pela Índia desacompanhada. “Eu tentei lidar da melhor maneira possível, preferia pensar que era algo diferente da minha realidade e como estava lá para fazer um intercâmbio e não como uma turista passando um fim de semana, teria que lidar com isso. Fazia parte da experiência”.

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