terça-feira, 23 de junho de 2015

Nova Zelândia : até no paraíso existem divisões...


(Rhayana Gonçalves)

Um dos países mais procurados pelos brasileiros para fazer intercâmbio, fazer turismo e até morar é a Nova Zelândia. Apesar de ser uma viagem de mais de 20 horas de avião e com um fuso de 15 horas de diferença, o país ainda continua chamando a atenção pelos seus muitos encantos.

Para começar os nativos são chamados de "kiwis", nome de um pássaro local que acabou batizando a fruta local que acabou mundialmente conhecida. O clima é muito agradável, entre tropical e temperado, e a geografia do país é conhecida pelo seu relevo extremo, muito apropriado para diversos esportes radicais, produzindo uma paisagem muitas vezes deslumbrante. Além disso, a população é conhecida por ser extremamente hospitaleira e o custo de vida é barato. Além dessas características marcantes, a qualidade de vida é excelente.

Porém até no paraíso existem divisões. A Nova Zelândia é composta por duas grandes ilhas, a Ilha do Norte e a Ilha do Sul. E, o que a geografia separou, acabou por influenciar a cultura e a política locais, numa história de séculos atrás. Em 16 de Novembro de 1840, as ilhas da Nova Zelândia foram separadas politicamente da colônia australiana de Nova Gales do Sul, constituindo-se numa nova colônia britânica. A própria Rainha Vitória designou o capitão irlandês William Hobson como seu novo governador.





Wellington, a capital, uma das lindas paisagens da Nova Zelândia

A ilha do Sul contava com uma pequena população Maori, o que facilitou a ocupação e colonização britânica, fazendo com que a economia local se desenvolvesse rapidamente, sendo a destinação preferida de investimentos e colonos. Enquanto isso, a resistência dos Maoris nativos na Ilha do Norte, atrasava o desenvolvimento da colônia britânica. Em 1861, o ouro foi descoberto em Gully, na região do Otago Central, o que provocou uma corrida do ouro. Dunedin logo se tornou a cidade mais rica do país, e muitos, na Ilha do Sul, começaram a ressentir-se da redistribuição de recursos para as regiões menos desenvolvidas na Ilha do Norte, especialmente para os pesados investimentos em segurança e exércitos, o que era percebido como um desperdício das riquezas sulinas.

Enquanto isso, no Norte, tanto as populações nativas como os colonos sentiam-se esquecidos e marginalizados pelas pelas cidades sulistas, o que se traduzia em disputas orçamentárias e administrativas. Somado às diferenças culturais e aos regionalismos, esse sentimento acabou por fermentar identidades diferentes entre as duas ilhas.

Em 1865, sob a liderança de Vogel, as lideranças provinciais de Auckland, no norte, e Otago (Dunedin), no sul, coordenaram seus interesses para demandar na Assembléia Geral, conjuntamente, a separação formal das duas ilhas e a constituição de duas colônias separadas. Esse movimento foi derrotado por 31 votos a 17, prevalecendo as ideias centralistas. Entretanto, desse movimento resultou, como medida conciliatória, a mudança da capital para Wellington, no extremo sul da Ilha Norte, localizada numa posição bem mais central.   

Os ecos desses movimentos regionalistas ainda podem ser ouvidos nos dias de hoje. Ainda no século 21, a Nova Zelândia tem dois partidos políticos regionalistas. Na Ilha do Sul, o Partido da Zelândia do Sul tem lançado candidaturas desde 1999. Seu sucessor, o Partido da South Island (2008), tem optado por não registrar candidatos para as eleições parlamentares, focando sua ações em campanhas não eleitorais, mas de conscientização.



A Nova Zelândia: um  país separado por duas ilhas.

E até hoje ainda a as reivindicações da parte da ilha do Sul para a sua independência, ou pelo menos, por maior autonomia. Com o pensamento de que, desde a união das duas ilhas numa unidade nacional, a parte Sul tem se desenvolvido de forma diferente, ou seja, com sua própria cultura, pensamento e até mesmo sua economia, tornando-a com interesses diferentes da ilha vizinha, a autonomia política seria uma resposta natural a esta diversidade.

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