quinta-feira, 17 de abril de 2014

O estudo das Relações Internacionais no Chile

(Júlia Andrade Caetano)

Os estudos das Relações internacionais no Chile encontram suas origens no final dos anos 50, com as análises da política externa chilena e da conjuntura internacional. O debate inspirado pela Teoria da Dependência contribuiu também para a popularização dos estudos internacionais no Chile, país sede da Cepal.

As origens da disciplina no Chile estão ligadas aos tradicionais departamentos de Ciência Política, onde se começou a oferecer disciplinas de Relações Internacionais para os cursos de graduação. Outras disciplinas afins também eram oferecidas, como Política Externa Chilena ou Organizações Internacionais.

O pioneirismo específico em relações Internacionais se deve à Pontificia Universidad Católica de Chile, a primeira a oferecer um curso específico de Relações Internacionais, coerente com a sua tradição internacionalista já presente no projeto do departamento de Ciências Políticas. Mais tarde, outras universidade chilenas também lançaram cursos de Relações Internacionais, como a Universidad de Arcis, Universidad Central e Universidad Diego Portales.
Em nível de pós-graduação existem duas opções, uma vinculada a estudos americanos e outra relacionada a estudos latino-americanos que se aproximam do campo das Relações Internacionais, nas quais ambas possuem um forte componente histórico e sociológico em sua formação. Já em nível de mestrado, destacam-se a Universidad Católica e a Universidad de Chile. A elas, se juntam hoje as Universidades Arturo Prat, Universidad Marítima, Universidad Tecnológica Metropolitana e a Universidad Andrés Bello.

O Instituto de Estudios Internacionales (IEI), da Universidad de Chile foi fundado em 19 de outubro de 1966. Seu primeiro diretor foi um notável historiador, acadêmico e pesquisador, Claudio Veliz, substituído pelo professor José Morandé. Como primeira instituição fundada em um país latino-americano para estudar especificamente as Relações Internacionais, o IEI pode ser considerado como referência obrigatória para a construção da disciplina no Chile, e também como importante referência internacional, oferecendo publicações importantes e também um curso de mestrado em Estudos Internacionais, com 30 anos de existência.
No que se refere às instituições de preparação de diplomatas, a iniciativa pioneira se materializou em março de 1954, com a criação da Academia de Estudios Diplomáticos, dedicada à formação especializada dos funcionários diplomáticos chilenos, vinculados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O desenvolvimento da Academia, todavia, não teve o dinamismo desejado, o que levou as autoridades do Ministério a enfatizar a necessidade de uma maior especialização e de uma maior aproximação às tradicionais instituições universitárias do país, como a Universidad de Chile. Em outubro de 1963 a academia é rebatizada com o nome de “Andrés Bello”, em homenagem ao ilustre venezuelano-chileno, que entre 1834 e 1852 atuou como chanceler chileno.
Sob a liderança de Mario Barros Van Buren ao longo dos anos 1970, sob o governo militar, a Academia assume papel destacado na condução da política externa chilena, passando a ser reconhecida como um dos centros de excelência do país.

Contudo, a importante produção da Academia se concentrava bastante sua atenção nos temas geopolíticos, típicos das abordagens Realistas predominantes nos anos 70. Nesse momento, a Cepal liderava um importante debate crítico, fora e dentro do Chile, sobre as dinâmicas de inserção das economias latino-americanas na economia mundial. O embate entre as ideias disseminadas pela Academia e pela Cepal animaram por muito tempo o debate internacional no Chile.

De maneira geral, pode-se considerar o estudo das Relações Internacionais como bem implementado, mesmo que de certa maneira recente. Os intensos debates gerados entre uma das mais importantes Academias diplomáticas, a “Andrés Bello” e o grupo de pesquisadores da Teoria da Dependência da Cepal, sediada em Santiago, contribuíram para o amadurecimento e a popularização do debate internacional no Chile. Com o fortalecimento do IEI - Instituto de Estudos Internacionais, um novo momento foi alcançado.

Referências :
ZAMORA, C.M. : “Estudiar Relaciones Internacionales en Amética Latina”. ESGLOBAL, 2012. Disponível em: <http://www.esglobal.org/estudiar-relaciones-internacionales-en-america-latina.> Acesso em 29 mar 2014.

BUSTOS, C.: “La academia diplomática: cooperación descentralizada”.  Disponível em: http://web.archive.org/web/20100528075634/http://www.cooperaciondescentralizada.gov.cl/escuela/1513/article-68742.html. Acesso em 29 mar 2014.
LAGOS,G.: “Tendencias y perspectivas del estudio de las Relaciones Internacionales: tareas para America Latina”. Disponível em: http://www.patatabrava.com/apuntes/lagos_tendencias_y_perspectivas_del_estudio_de_las_relaciones_internacionales_tareas_para_amelat-f121419.htm. Acesso em 29 mar 2014.

SÁNCHEZ, W.: “Relaciones internacionales: de la clonación a la creación la mirada desde el Instituto de Estudios Internacionales de la Universidad de Chile”. Disponível em: http://www.anales.uchile.cl/index.php/REI/article/viewFile/14355/14769. Acesso em 29 mar 2014.

VÉLIZ,C.: “El Instituto de Estudios Internacionales de la Universidad de Chile”. Disponível em: http://www.jstor.org/discover/10.2307/23317209?uid=2129&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21103908108753. Acesso em 29 mar 2014.

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