segunda-feira, 18 de junho de 2012

O poder da mídia no cenário político internacional

(Lucas Cilento)

      A fragmentação do poder é uma característica marcante do cenário internacional contemporâneo. Nas últimas décadas, o surgimento de novos atores, além de refletir a sua complexidade, sugere que o estudo das Relações Internacionais implica acompanhar a desse sistema. Foi diante dessa observação que o estudo da mídia como um ator, nesse meio, se mostrou relevante. ­Apesar de o envolvimento dos meios de comunicação nas questões internacionais ser um fenômeno recente — possui menos de um século — é possível afirmar que a relação estabelecida entre eles e a vida internacional não se trata de algo efêmero. A caracterização do papel e do poder da mídia no contexto de surgimento de novos atores das Relações Internacionais é um grande desafio. Diante das novas tecnologias da informação e comunicação diversas mudanças ocorreram no cenário internacional e no exercício do poder político contemporâneo. O protagonismo da mídia na utilização do soft power é constante, ocorrendo de diferentes e diversas formas, tentando sempre voltar a população ou até mesmo um estado contra ou a favor de uma determinada causa. Vale também ser falado sobre a expansão da comunicação política internacional e as implicações da inserção das novas mídias, como a Internet, e dos novos desafios oriundos da era da informação em rede no então atual cenário globalizado.

A influência da mídia é sempre lembrada no campo politico, pois a mídia sempre apoia um certo candidato, ou um governo, uma posição de política externa. Assim temos dois diferentes tipos de influência da mídia na política, seja ela interna ou externa. Quando o governo adota uma politica incerta, onde invariavelmente a exposição do governo a críticas e excessiva atenção midiática. Assim as noticias são criticamente enquadradas defendendo um determinado curso de ação, como no caso do impeachment de Fernando Collor, onde a mídia influenciou os jovens a irem as ruas pedir a deposição, assim fazendo com que o governo mude a postura a fim de não enfrentar um desastre na relação pública. Seja como for, nota-se que nada e ninguém está aquém das mídias.

Em muitos países, o governo local possui um quase total controle sobre a agenda da mídia, ou ao menos da maior parte delas, fazendo com que sem o apoio das maiores cadeias de transmissores de informações as massas, a pequena parte que crítica tenha pouca ou nenhuma influencia sobre a política.

Informação sempre foi sinônimo de poder. Basta lembrarmos qual instituição garantiu a unidade cultural da Europa e foi a grande responsável pela conservação e transmissão de conhecimento durante a idade média: a Igreja, que moveu populações inteiras as guerras e a absurdos como a inquisição. Provando assim que o poder das mídias diante das relações internacionais não veio dos anos recentes, mas é tão antiga quanto as relações entre Estados.

É certo que a liberdade de expressão é um direito fundamental de todo indivíduo, mas também é certo que em bom número de países essa liberdade de acesso a informações ainda é muito limitado. Em questões como o movimento pela autonomia do Tibet, a questão da mídia se transformou em importante front, com censuras internas na China e grande difusão no Ocidente.

Regimes autoritários muitas vezes têm se mostrado competentes no que diz respeito à promoção do crescimento econômico ao longo da história, como foi o caso da Alemanha Nazista, que apesar de ter se traduzido como um regime desumano reergueu o país economicamente ou como no caso do período denominado milagre econômico ocorrido durante o governo militar brasileiro, assim mostrando que a privação do direito de liberdade de expressão tem também seu caráter benéfico à nação, mas continuando assim a ser maléfico à população, ao alienar seus cidadãos em prol da proteção do governo vigente.

O país oriental tenta ampliar sua influência não apenas controlando a própria população, mas estendendo também suas influências para além do território nacional. A fim de aumentar o chamado “soft power”, ou a capacidade do Estado de influenciar comportamentos e interesses de outros. A China vem, estrategicamente, investindo em acordos de cooperação e difusão de informação- aí, dando destaque ao rádio, um importante meio de conscientização popular- principalmente no continente africano. Por meio da "CNC World", o país pretende difundir uma visão chinesa dos acontecimentos internacionais, contando com uma linha editorial apoiada em orientações diplomáticas governamentais. Entrando, assim como o estado, que é considerado o maior construtor de informações do mundo, os Estados Unidos da América, que agora além de competir com a China no plano econômico mundial, vai ter que passar a se preocupar com o controle midiático, que até então havia sido quase que exclusividade americana.

Assim, concluímos que a mídia pode ser um importante ator das relações internacionais, lembrando seu caráter instrumental, parcial, em prol sempre de quem governa, das políticas governamentais, e dos interesses dominantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário