segunda-feira, 18 de junho de 2012

A tendência de terceirização de exércitos em conflitos internacionais

(Caroline Welter)

      Desde séculos passados, Nicolau Maquiavel aconselhou o Príncipe, para se manter no poder, ter um exército regular e próprio. Nesta época, o século XVI, os Estados nacionais ainda estavam em formação e a mobilização de voluntários para a defesa militar de seus Estados ainda era incerta. A solução mais popular era a utulização de mercenários. Porém, Maquiavel achava essa prática muito duvidosa, pois podia facilmente se transformar em chantagem por parte deste corpo de combatentes, e até mesmo rebeliões contra o Príncipe, além da motivação ser tradicionalmente baixa.

Com o estabelecimento dos Estados nacionais, a ideologia do nacionalismo forneceu um poderoso elemento para a mobilização de soldados, motivados pela necessidade de defesa da "nação". A era dos Estados nacionais e do nacionalismo foi também a era de grandes conflitos nacionalistas apoiados em exércitos nacionais permanentes.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, os EUA estão utilizando cada vez mais a fórmula de terceirizar funções de segurança através da contratação de novas formas de "mercenários", como empresas especializadas em segurança.

No ano de 2011, os EUA retiraram suas tropas do Iraque e aos poucos, os soldados também foram saindo e se retirando do Afeganistão. Uma parte das "forças de segurança" tem sido garantidas pela contratação de "consultores" privados, essa nova forma contemporânea de mercenários. Nesses casos, a estratégia militar foi usada para estabilizar esses países, porém o seu cenário inda é de guerra civil, com grande e constantes ameaças de atentados e enfrentamentos, sejam urbanos ou rurais.

O Iraque, que é um país com enorme riqueza de petróleo, não possui forças armadas capacitadas de experiência e preparo para manter a necessária segurança dos poços de exploração, seus dutos e do próprio governo. Essa situação incentivou que a administração da segurança do país fosse também apoiada na contratação de empresas de segurança privada.

A terceirização desses serviços das forças armadas é uma ótima oportunidade para os contratados. A maioria das empresas prestadoras desse serviço de segurança são americanas, nos quais seus sócios são ex-oficiais ou ex-combatentes americanos. Seus salários são altos, sendo proporcionais ao risco que eles correm, como por exemplo, a segurança de ministros podem chegar a render mais de cem mil dólares por mês.

No Haiti também ocorre à terceirização de exércitos. Muitos países que possuem a política e o exército fraco utilizam essa prática de compra, para garantir a defesa de suas vidas e patrimônios.

Os países que compram esse serviço creem, que algum dia, poderão ter seus próprios exércitos e políticas organizadas, para que breve não precisem mais contratar esse tipo de serviço. Entretanto, isso pode demorar mais tempo que o imaginável, pois é um caso do Estado, do qual deve criar uma nova instituição e mante-la.

Os terceirizados possuem as funções de ações de inteligência, vigilância, controle, segurança de embaixadas e consulados, e instalações estratégicas, entre outros. Eles não recebem indenizações ou pensões por ferimentos, e muito menos suas famílias. Suas mortes não são notícias perante a mídia.

Esses novos soldados da fortuna e policiais terceirizados mudam a realidade de diversos Estados, e também do que se sabe sobre força de segurança publica. Alguns afirmam que o mercado de segurança privada esta levando-nos ao mundo pré-Estatal, ou ao pós-Estatal.

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